Na verdade, este conto fora escrito em inglês, mas resolvi traduzi-lo e compartilhá-lo com vocês.
Este conto traz uma grande lição: nem sempre tudo é o que aparenta ser.
Espero que gostem! :)
Sinais
O inverno nunca estivera tão frio. Embora o tempo lá fora estivesse congelante, eu estava suando. Havia acabado de acordar de um pesadelo. Sonhei com ela novamente, já era a quarta vez só naquela semana, fato que já estava me consumindo.
- Ajude-me a encontrá-lo – essas palavras continuaram rondando minha mente durante a noite toda. Desde que começara a ter esses sonhos com ela, esta tem sido a minha rotina. Noites de insônia não são mais um bicho de sete cabeças para mim.
Fui à cozinha tomar um copo de chá, como sempre fazia quando esse tipo de coisa acontecia comigo.
- Desta vez seu rosto era tão claro – pensava comigo mesma. Seus olhos azuis pareciam um oceano a ponto de transbordar, e seu rosto úmido buscava por respostas. Ela usava um vestido branco, e carregava um ursinho de pelúcia surrado. Por trás de seu visual desgrenhando, desajeitado, havia uma linda garotinha. Ela aparentava ter uns dez anos de idade, e sua tristeza me entristecia.
Tudo parecia me remeter a ela, mas eu não tinha mais tempo de pensar mais naquilo. Já era hora de ir à escola. Mais uma vez, eu não havia dormido.
Todos do colégio diziam que eu estava agindo de modo estranho ultimamente. Eles diziam que eu andava distraída, como se estivesse pensando em algo ou alguém. E, para piorar, andava tirando notas péssimas. Aquilo tinha que ter um fim, mas eu não sabia como. Eu não queria que ninguém soubesse o que estava acontecendo, eles achariam que eu estivesse louca.
Na hora do intervalo, juntei-me aos alunos que estavam na fila do almoço, à espera do prato do dia. Ao me aproximar mais do balcão, percebi que a escola havia contratado um novo cozinheiro. Seu nome era Jimmy, como pude ler em seu crachá. Ele parecia ser uma boa pessoa. Era muito gentil, algo que deveríamos levar em consideração. Os últimos cozinheiros contratados por aquela escola não era o que podemos chamar de gentis.
Ele sorria pra mim o tempo todo. Achava aquilo legal da parte dele.
O tempo passara muito devagar naquele dia na escola. Ao toque do sinal indicando o fim das aulas, não conseguia pensar em mais nada a não ser ir para casa o mais rápido possível e dormir um pouco.
Coloquei meu pijama e fui para a cama. Quando estava pegando no sono, a campainha tocou. Fiquei extremamente irritada, mas levantei-me mesmo assim e fui ver quem era.
- Seu idiota! - eu gritava para o nada. Alguém havia tocado a campainha e corrido. Embora estivesse nervosa, não fiz nada. Estava muito cansada para discutir com quem quer que fosse. Decidi voltar a dormir.
De repente, vi um vulto. A princípio, não liguei, pensei que estivesse sonhando acordada. Mas então eu o vi novamente. Daquela vez, eu havia visto e sentido. Ele deixou uma brisa fria por onde passou, eu senti sua presença. Corri para o meu quarto e tranquei a porta, mas não consegui escapar.
- Ninguém é o que aparenta ser – a voz repetia incessantemente.
Tampei meus ouvidos, tentando não ouvir o que a voz tinha a dizer, mas foi em vão. A voz parecia cada vez mais alta. Então eu a reconheci: era a voz dela. Ela havia voltado.
- O que você quer comigo? - eu perguntava aos prantos.
Eu tinha que saber o porquê de ela ter me escolhido, e o que eu deveria fazer para que ela me esquecesse e me deixasse ter uma vida normal, como era antes.
- Ajude-me a provar que ele não é tão bom quanto ele aparenta ser.
Essas foram as últimas palavras pronunciadas por ela naquele dia.
O dia seguinte foi ainda pior que o anterior. Não tive pesadelos, mas porque eu simplesmente não dormi. Estava assustada demais para dormir.
Antes de sair para ir à escola, fui à sala para desligar a televisão. Ela havia sido minha melhor amiga durante aquela noite sem dormir. Uma notícia chamou a minha atenção. O telejornal mostrava um caso de um perigoso assassino que vinha sendo procurado há anos. Suas principais vítimas eram crianças e, para escapar da polícia, ele costumava mudar-se com frequência. Em cada novo lugar, ele assumia uma nova identidade, de preferência alguém que lidava com crianças ou que ficava próximo delas. Enquanto o jornalista descrevia o criminoso, um retrato-falado dele era mostrado. Entrei em choque.
Aquilo não podia estar acontecendo. O cara mostrado na televisão era exatamente igual ao Jimmy, o novo cozinheiro do colégio. Seu rosto, seu cabelo, sua pele. Até mesmo o seu sorriso era o mesmo. Aquele sorriso, o mesmo que ele direcionou a mim naquele dia. Nunca havia me sentido tão mal. Tudo estava muito claro em minha mente naquele momento. A garotinha aparecia para mim porque eu estava próxima da pessoa responsável por sua morte. A pessoa que poderia ser a responsável da minha.
Aquela história tinha que acabar imediatamente. Embora estivesse com medo de ser descoberta, liguei para a polícia. Eles me prometeram que meus dados seriam mantidos em sigilo e que, portanto, ninguém saberia quem fora o responsável pela denúncia.
No dia seguinte, ele foi preso. Acabou, enfim.
Estava feliz, finalmente. Feliz por mim e por ela. Ela poderia descansar em paz, afinal. Antes de ela partir definitivamente, pude ouvir um “muito obrigada”. Eu não tinha mais medo. Não havia mais razão de tê-lo.
2 comentários:
Mi,
seu texto é ÓTIMO!!! A forma como descreve as coisas (por muitas vezes poéticas) faz com que as cenas se tornem reais!!! Parabéns!!!
Já disse e repito: SOU SUA FÃ, MISS!!! ;)
Cheeeeeeeeeeente, que medo hahaha. Lembrei da menina do corredor´[choro]
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