terça-feira, 3 de junho de 2014

Adeus

Os dias já não eram mais os mesmos. Aquela sensação de cansaço, de tristeza, perseguia-o mais do que nunca. Entretanto, ele aguentava como podia. Por mais problemas que ele aparentasse ter, ele resistia. Como se não quisesse abandonar este mundo ainda. Como se gostasse de onde estava.
Sua família cuidava dele como podia. O que estava ao alcance deles foi feito. Entretanto, ainda assim, não era o bastante. Estava chegando a hora do adeus.
Enfim, chegou aquele fatídico domingo. Era um dia frio, entediante. Entediante como qualquer domingo. Embora assim fosse, e apesar de seu cansaço, ele demonstrava alegria como podia. Comia, esforçava-se para demonstrar o amor que sentia por aquela família. Porém, faltava algo a ele para o dia ficar completo. Faltava alguém.
Sua mãe era sua melhor amiga. Seu amor em relação a ela era tão grande a ponto de ela perguntar a ele todos os dias, enquanto ele a fitava: "Por que você me olha tanto? Está namorando a mamãe, é?"
Quando ela não estava por perto, ele não dormia. Não tinha a paz de que precisava. Ele gostava de todos, mas sua lealdade excessiva por aquela figura materna era mais que notável.
Foi quando ela chegou. Sua alegria pela sua presença era imensa, na medida do possível, levando em consideração suas condições. Foi quando a maior prova de amor foi realizada: ao sentir sua chegada, ele se aproximou, a passos cambaleantes, da porta para recebê-la. Ao vê-la, seus olhos brilharam. Esses mesmos olhos a fitaram como se ele quisesse dizer: "Estou muito feliz em vê-la antes de partir. Não se esqueça de que te amo muito. Ainda nos encontraremos em algum lugar, então isso será apenas um 'até breve'". E, assim, ele voltou ao seu leito, deitou-se e dormiu o sono eterno. Não demonstrou nenhum sofrimento. Tudo havia saído como ele tinha planejado.
A nós, restaram apenas a saudade, as boas lembranças e a sensação de dever cumprido. Demos o melhor que pudermos e ele retribuiu com tudo que tinha, até o último segundo.
Não me resta mais nada a dizer além de um "Até breve, meu amigo. E obrigada por me ensinar o real significado das palavras 'lealdade' e 'amor'". Seja muito feliz onde estiver. Nunca nos esqueceremos de você.

*Este texto é dedicado ao meu amiguinho de quatro patas Lupy, que partiu neste último domingo. Tentei retratar da melhor forma possível o que ele teria dito em seus últimos momentos, caso falasse. Seu amor será lembrado para todo o sempre

terça-feira, 15 de abril de 2014

É tendência!

Moda é um trem complicado. Ao mesmo tempo que ela dita tendências e insere as pessoas na sociedade, ela, muitas vezes, robotiza os indivíduos, fazendo-os que pensem que devem ser iguais a todo mundo, independentemente de concordarem ou não com o que “deve” ser seguido. Esse tipo de comportamento está inserido não somente na forma de se portar, de se vestir, mas também na maneira de agir e de pensar.

Hoje em dia, com o acesso deliberado à internet e a capacidade de “conhecermos” as pessoas sem ao menos tê-las visto pessoalmente, além da tentativa de “liberdade de expressão” – de querer afirmar, a todo momento, que “fala o que pensa” e o que quer –, pensamentos cercados de modismos circulam pela rede, ditando, de forma mascarada, o que é certo e o que é errado e fazendo que todos sigam o embalo rumo à bitolação. Determinadas frases não saem mais da boca – ou, no caso da internet, dos dedos – das pessoas com sinceridade. Não se sabe mais o que é a opinião de alguém e o que é simplesmente uma cópia de um pensamento já revelado anteriormente, reproduzido apenas com o objetivo de ganhar mais seguidores em direção à verdadeira simulação do filme “Tempos Modernos” (quem nunca assistiu a ele, assista!).

Por exemplo, uma frase que eu ando lendo muito por aí é a tal da “Gosto de ver as pessoas felizes. Gente feliz não enche o saco”. Ok, ela pode estar certa – pessoas felizes realmente tendem a cuidar mais de sua própria vida, pois estão ocupadas demais... sendo felizes! –, mas por que alguém tem de se dar o trabalho de revelar isso ao mundo, se não é por pura inveja dos seres contentes? Por que fazer tanta questão de se importar com elas? Afinal, elas estão felizes, certo? Pra que uma afirmação tão grosseira? Eu a encaro como algo do tipo “Vá, seja feliz, fique aí, curtindo seu momento único na vida enquanto eu estou aqui, querendo saber tudo o que você faz, sentado em meu sofá e tentando mascarar a minha vida medíocre”. Dá a entender que as pessoas que a proferem estão tremendamente insatisfeitas com a alegria alheia, esperando que, na primeira oportunidade, algo dê errado a quem está bem e este venha correndo pedir colo. Daí, não sobra alternativa ao invejoso a não ser dizer algo como “Bem-vindo ao clube”, para se sentir menos miserável e pensar que tem alguém no mundo em situação tão ruim quanto a dele.

Outra moda é discordar de quem quer que seja, de qualquer assunto, de qualquer opinião. Um simples “odeio o calor” já é quase motivo para uma Terceira Guerra Mundial. Chuva de comentários sobre o quão ridículo o dono da afirmação é por falar tal coisa inunda qualquer lugar, isso sem contar os comentários posteriores, em dias de frio, de gente falando “A você que pediu frio, se reclamar, apanha” e coisas do tipo.

Nem cito questões políticas e religiosas. Gente que tem um determinado credo ou opinião – ou não tem nada – e nem sabe por quê, não procura ir atrás, entender o que defende a tal ponto de arrumar brigas, conflitos e inimizades.

No final das contas, tudo é com um único objetivo: chamar atenção. Ganhar confete. Ou até tomate, contanto que prestem atenção e esbocem alguma reação ao que foi dito. Afinal, moda é isso, né? Quando você vê uma Lady Gaga da vida vestida de carne, a primeira coisa que a maioria diz é: “Nossa, que estranha, pra que ela está usando isso? É horrível!”. Alguns podem até achar legal e concordar com o conceito dela, mas, no fim, o que se ouve é quase unânime: “Ela quer aparecer”. Opinião (se é que podemos chamar assim hoje em dia) tornou-se mais ou menos isso: você ouve, finge que absorve, finge que é sua e lança por aí, mesmo sem concordar muito com ela. Supertendência!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Falou tudo, amiga!

Pessoa 1: - Oi, amiga, tudo bem com você?
Pessoa 2: - Ah, vou bem, e você?
Pessoa 1: - Bem também, mas, com certeza, não tão bem quanto você, amiga. Porque você é tudo! Como passou o fim de semana?
Pessoa 2: - Normal, em casa. E você?
Pessoa 1: - Nossa, que demais, amiga! Viajei com uns amigos a Paraty, mas, com certeza, meu fim de semana não foi melhor do que o seu!
Pessoa 2: - Que nada... Fiquei em casa porque detestei o que era pra ser o meu novo corte de cabelo.
Pessoa 1: - Mas por que detestou? Seu novo penteado está demais! Está lindo, como sempre!
Pessoa 2: - Como, lindo? Não está vendo que está faltando um tufo de cabelo aqui atrás?!
Pessoa 1: - Mas está lindo, amiga, sério! Já vi gente usando assim, está maravilhosa!
Pessoa 2: - Nunca ouvi falar, mas... enfim... Está quente lá fora, né?
Pessoa 1: - Ai, amiga, falou tudo! Está insuportável! Pessoa 2: - Ah, eu não acho... Perguntei mais para saber com que roupa eu devo sair. Eu gosto do calor.
Pessoa 1: - Eu também, amiga! É uma delícia, também adoro!
Pessoa 2: - Mas você acabou de dizer... er... Deixa pra lá. Bom, quanto à minha roupa...
Pessoa 1: - Está linda, amiga! Um arraso!
Pessoa 2: - Mas eu estou de pijamas!
Pessoa 1: - Nossa, nem parece! Muito lindo!
Pessoa 2: - Claro que parece! Não está vendo as estampas de bichinhos dos pés à cabeça e os rasgos de roupa velha?!
Pessoa 1: - Mas mesmo assim, amiga, vai abalar com ele! Superapoio sua ideia!
Pessoa 2: - Mas eu não vou com ele! Eu vou com... Quer saber? Deixa, eu escolho depois. Agora, os sapatos...
Pessoa 1: - Lindos os seus sapatos! Superoriginais!
Pessoa 2: - São pantufas! Em que mundo você vive?! Você acha mesmo que eu vou com isso? Isso é de ficar em casa!
Pessoa 1: - Verdade, amiga, disse tudo! Quem sairia com isso? Affe!
Pessoa 2: - Ai, meu Deus... Dai-me paciência, porque se me der forças... eu mato!
Pessoa 1: - Hahahahaha! Ai, amiga, você e suas frases originais e criativas!
Pessoa 2: - Ahn... Sabe de uma coisa? Acho que não vou mais ao nosso passeio... Bateu uma indisposição...
Pessoa 1: - Fala sério, né, amiga? Esse dia deixa qualquer uma indisposta!
Pessoa 2: - Na verdade, não é o dia. Como eu te falei, eu gosto de dias quentes e ensolarados.
Pessoa 1: - Verdade, eles são lindos!
Pessoa 2: - Enfim... Fica para outro dia, tá?
Pessoa 1: - Tudo bem, amiga. Mas, qualquer coisa, dê um toque, tá? Você sabe que eu estou aqui pra TUDO! Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...
Pessoa 2: - Menos na sinceridade.


Cuidado: “puxa-saquismo” pode ser prejudicial para sua autoestima e opinião própria.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Por que não eu?

Ultimamente, ando me considerando extremamente “machista”. Não no sentido de achar que as mulheres não têm direito a isso ou àquilo, mas porque não consigo visualizar certas coisas ou alguns comportamentos sendo realizados por homens. Um exemplo extremo: não consigo imaginar um homem dizendo “Boa sorte” a um amigo quando, na verdade, está pensando “Espero que você caia de cara no chão para deformar esse rosto pelo qual você tanto se gaba”. Ou fazendo fofoca sobre a roupa ou o estilo de vida do outro. Não estou dizendo que todos os homens ou todas as mulheres sejam tais e quais como penso. O que estou dizendo é que as pessoas que me cercam demonstram cada dia mais comportamentos que me fazem querer entender o tipo de mundo em que estou vivendo. Frequentemente, seja na rua ou em meu círculo social, ouço mulheres dizendo coisas do tipo: “Você viu quem está namorando agora? Fulana! Nossa, até ela tem alguém e eu não!”.Ou seja, aquela, cujas colegas sempre a julgam feia e sem graça (mas nunca na sua frente, claro), nunca deveria namorar um cara ou manter qualquer tipo de relacionamento com alguém que não fosse por apenas uma noite ou, até mesmo, por pena. Afinal, elas se julgam bonitas demais e não creem no fato de ainda estarem sozinhas. E é aí que eu quero chegar: em vez de querer saber o porquê de alguém que ela julga inferior estar feliz e resolvida, deveria tentar entender o motivo de ainda estar sozinha. Desde que o mundo é mundo, é dito (e deveria ser óbvio) que a beleza exterior não é a que realmente importa, mas, sim, a de dentro. Outra coisa que também já deveria ser sabida é que a beleza está nos olhos de quem a vê. Para você, ela pode ser aquela pessoa “legal, mas feinha”, mas, para o parceiro dela, ela pode ser aquela mulher “linda por dentro e por fora”. Na “pior” das hipóteses, ela pode ser aquela pessoa que, “de tão maravilhosa por dentro, tornou-se linda por fora”. Daí eu pergunto: você, em vez de tentar entender o que fez alguém pensar em namorá-la, já tentou pensar nos atributos que ela tem e você não tem? Ela pode não ser a mais bonita, mas pode ser extremamente inteligente e com um ótimo senso de humor, coisas que, de fato, atraem um homem que procura um relacionamento sério, e não só uma peguete de balada. Ela pode ser meiga, atenciosa e carinhosa. Por incrível que pareça, ela pode ser mais segura do que você. Não ceder a qualquer um por carência, ter seus princípios. Ela pode ser uma pessoa com mais ambições do que um carro, uma roupa, um sapato ou um celular novo. Ela pode ser uma pessoa que demonstra independência e, de fato, realmente seja independente e não finja, bancando a que não precisa de homem nenhum quando, na verdade, está só na espreita, esperando alguém aparecer para abocanhar. Vai ver ela tenha procurado a pessoa certas nos lugares certos. É... até ela tem alguém. Aliás, FINALMENTE ela tem alguém. Alguém que a mereça de verdade e a faça feliz. O que ela tem que você não tem? Olhe para dentro de si e irá descobrir.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Meninos... blergh!

Há alguns dias, venho observando o comportamento dos incansáveis seres humanos, em especial, das mulheres. Vi diversas delas dizendo, escrevendo e declarando constantemente o quão felizes são sem a presença dos homens e que não precisam deles para nada, numa tentativa de afirmar sua aparente independência e autorrealização. Muitos podem considerar minha opinião errada, forte ou, até mesmo, machista – ou pior, machista vindo de uma mulher, de alguém do mesmo “time” –, mas penso que essa obsessão de algumas em cantar constantemente aos quatro ventos que não precisam de ninguém é uma tentativa de mascarar sua carência, dependência afetiva e infelicidade. Não estou generalizando, englobando todas as mulheres do planeta, mas, sim, analisando fatos que presenciei nos últimos tempos. Muitos podem dizer que digo isso agora porque estou feliz, bem-resolvida e amando – e, por sorte, amada também. E não irei replicar; de fato, pode ser isso mesmo. Lembro-me que, tempos atrás, das poucas vezes que resolvi me abrir para as pessoas, dizendo que estava bem, com um emprego e sem depender de ninguém, estava, na verdade, escondendo a minha tristeza e ausência de amor. Pode parecer fácil – muitas pessoas fazem muito bem –, mas esconder seus sentimentos e suas vontades é bem difícil. Uma hora, a coisa transborda, você explode, extravasa. A solidão assola até mesmo os corações mais frios. Não quero terminar o texto com frases de autoajuda, tampouco com conselhos baratos e clichês. Mas, se me fosse pedida alguma sugestão, daria a seguinte: aguarde o bem que ele logo vem. Se uma pessoa ainda não apareceu em sua vida, ou se você, porventura, teve alguma(s) experiência(s) ruim(ns), não condene o resto de sua vida por isso. Chore quando tiver de chorar, xingue quando tiver de xingar, mas também se permita esperar o melhor. Corpo e alma agradecem.