quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

CARTA AO PAPAI NOEL

Querido Papai Noel,

Creio que deve estar encarando esta carta com estranheza. Afinal, por que uma pessoa com seus vinte e três anos escreveria uma carta ao bom velhinho?
Não tiro a razão de sua indagação. Diante os tempos modernos, não tenho mais idade para tal. E é justamente sobre isso que venho falar com o senhor.
Como toda carta que o senhor recebe, esta também é uma carta de pedido, porém creio que o meu seja um dos mais difíceis de ser realizado. Não diria difícil. Creio que trabalhoso, mas não impossível.
Agora o senhor pensa, “além de velha, essa pessoa também vem me dar trabalho”. E, mais uma vez, não tiro sua razão. Mas trata-se de algo que não desistirei. Continuarei buscando por isso até o dia de minha morte.
Antes, vou lhe contar uma história. Sei que o senhor é acostumado a ter histórias suas contadas aos quatro cantos do mundo, mas esta tem um propósito.
“Era uma vez uma família, composta de quatro integrantes: uma mãe amável, um pai trabalhador e honesto, e dois filhos unidos e lindos. Todos esperavam ansiosos ao grande dia: o dia em que se comemora a vinda do Salvador.
A mãe colocou a toalha de mesa mais bonita à mesa. O pai comprou o maior peru de Natal do mercado, e os filhos penduraram na lareira as meias mais enfeitadas, a fim de que o Papai Noel ficasse contente e, quem sabe, deixasse uma presente dentro de cada uma delas.
Os pais convidaram à ceia os entes queridos, amigos, amigos dos filhos. Aquela noite seria perfeita.
Aos poucos, os convidados foram chegando e a casa foi se enchendo de alegria. A decoração estava perfeita, a comida era farta e os presentes se amontoavam embaixo da árvore, mas não era isso que importava àquela casa. O amor, a consideração entre eles era mais forte que qualquer bem material. Eles estavam ali pelo simples fato de que se amavam, e não por obrigação de Natal. Aquelas pessoas enfrentavam cada dia como se fosse o último, portanto não demonstravam afeto e consideração apenas no dia 24 de dezembro. Aquela era a rotina diária deles. Aquele dia era, ao mesmo tempo, normal e diferente.
Ao som do relógio indicando que era meia-noite, todos se abraçaram e cantaram em meio aos risos e lágrimas de alegria. Era o aniversário Dele, daquele que deu a vida por todos nós.”
Bom, essa é minha história. Apesar de tocante, infelizmente ela não é real. A cada dia que passa, o mundo anda mais voltado para seu próprio umbigo. As pessoas se importam cada vez menos com as outras, mesmo aquelas que são de seu sangue e que supostamente deveriam ser seu elo com o passado e que te apoiarão no futuro.
O mundo está capitalista. Dinheiro, sempre ele, o separador de águas e, neste caso, de povos.
O Natal tornou-se, portanto, um negócio. As pessoas competem para ver quem tem os melhores enfeites, o melhor banquete, quem dá os melhores presentes, quem tem a maior árvore, quando o que realmente importa é o espírito.
E as pessoas? Ah, as pessoas... a cada ano que passa, o Natal é encarado por elas como uma data de “aparências”. Uma família pode não se falar o ano inteiro, mas quando chega esta época do ano, vestem, além de suas melhores roupas, suas melhores máscaras. Elas se abraçam, se dão presentes, quando na verdade não se suportam. No dia seguinte, as máscaras caem, como se o dia anterior não tivesse surtido nenhuma reação positiva em suas vidas.
Sim, eu sei que é triste, Papai Noel, mas é a realidade. A história real de Natal dos tempos modernos.
Portanto, o que eu te peço é o seguinte: que traga às nossas vidas o Natal dos livros. Que as pessoas comemorem a união, o amor, a fraternidade, e não apenas a chegada da datas dos presentes. Que o bem material não seja o mais importante. Que as pessoas se reúnam porque se amam, e não por mera obrigação. E que não ajam assim apenas no dia 24 de dezembro, e sim todos os dias de suas vidas.
Eu disse que não seria uma tarefa fácil. Sei também que não depende só do senhor. Mas já perdemos tantas coisas, como pude contar nesta carta, que não queria perder mais outra: a esperança de uma criança que escreve para o senhor, à espera da realização de seu desejo. Certamente faço e continuarei fazendo minha parte na concretização deste sonho, e espero a ajuda do senhor. Afinal, creio que me comportei direitinho. :)
De certo, ao realizar este pedido, também estará realizando os delas e de todas as pessoas do mundo, carentes de uma coisa sem custo nenhum que é o amor.
Desejo desde já um feliz Natal. E que o ano que se aproxima seja como o da história, para todos nós.

__________________________________

E a todos, não só os que me acompanharam neste blog ao longo do seu tempo de vida, um Natal digno de uma história surreal. ;)

2 comentários:

Mayra Teixeira disse...

Nossa!!! Que lindo o seu texto!!! Realmente, o mundo carece das coisas vindas do coração. Se cada um de nós fizer a sua parte, tudo será melhor!!! É realmente uma tarefa difícil para o Bom Velhinho, mas eu creio que ele conseguirá ajudar, porque... SIM, EU CREIO EM PAPAI NOEL!!! E todos deveriam crer também. Afinal, é a fantasia do sonho que nos move...

Anônimo disse...

QUE TEXTO FOI ESSE?
Sem palavras, sinceramente, parabens!
O pior é que não acredito em papai noel, meu acreditar é mais dificil: acredito nas pessoas. Um dia elas mudam.. :)

Postar um comentário