quarta-feira, 2 de março de 2011

O caminho

Snow Patrol - Run by user72918

Há alguns dias, resolvi sair de onde estava. A princípio, senti um frio, uma insegurança que não cabia dentro de mim. Tudo parecia grande demais. Já não tinha mais onde me apoiar, as paredes que me sustentavam agora estavam distantes. O que eu tinha era apenas a imensidão do mundo. Digo “apenas” de forma irônica e antagônica, já que, como já foi dito em um seriado famoso, “existem seis bilhões de pessoas no mundo, seis bilhões de almas”.

Andei vagamente, sem destino ou sentido, apenas procurando algo em que me apoiar, um rosto (conhecido ou não), a minha metade emocional perdida. Nada via. Mais uma vez, apenas a imensidão do mundo.

Exausta, quase desistindo, encontrei alguém. Vinha na mesma direção, aparentemente buscava o mesmo que eu. Possuía o mesmo olhar de dúvida, de insegurança. Mostrava-se indiferente, distante, vai ver pelos meus mesmos motivos já apontados no texto anterior.

Era lindo. Vinha balbuciando algumas coisas que, ao mesmo tempo em que poderiam soar sem sentido para algumas pessoas, eram as mais compreensíveis. Logo pensei: “Meu primeiro contato aqui fora não poderia ser melhor”. Encantei-me, deixei-me levar por aquilo que eu só via do meu cômodo e claustrofóbico lugar recém-abandonado.

Sorri. Parecendo reparar naquilo, ele sorriu de volta. Pareceu reparar até em mais. Sem querer pensar em mais nada, fui ao seu encontro. Mas ele não. Continuou seguindo firme em direção a algo que eu não percebi, algo que eu deixei passar.

Tentei gritar, chamar sua atenção. Não posso afirmar se ele ouviu e preferiu seguir em frente ou se simplesmente não ouviu nada. Só sei que aqui estou, no meio do caminho, sem saber se sigo em frente ou se volto ao seu encontro. Acho que, no fundo, eu tenho a resposta, mas ainda não me livrei totalmente de meus fantasmas da comodidade.

Só sei de uma coisa: neste momento, ele deve estar algumas milhas à minha frente, porém isso parece não me importar. Penso em correr.

2 comentários:

Mayra Teixeira disse...

Corra, Michelle, corra! Siga em sua busca. Busque o seu caminho. Se olhar para trás, não retorne, apenas olhe o que deixou, olhe bem e guarde na memória. O passado é a caneta que escreve a nossa história!

Amei o texto miss. Você me inspirou, hahahahaha... me fez comentar filosoficamente! Só Freud, viu!

Itana Glésia disse...

O passo mais difícil que é o primeiro, o passo da partida foi dado, mesmo com as penas fracas e quase atrofiadas o primeiro passo em direção ao novo caminho foi dado, e por mais longe que esteja nunca é tarde pra correr... Mais uma vez falando à minha alma. Lindo texto!!

Postar um comentário