Às vezes, pegava-me pensando em como era bom amar quando se era criança. Não eram necessárias grandes atitudes, promessas, compromissos, nada disso. Um olhar e já era o suficiente. Um sorriso, então, era o céu. Encostar sua mão na mão dele(a), mais que o paraíso.
Não havia traições, explicações, necessidades de perdão, afirmações. Você amava e pronto, já era o bastante. Não era necessário ao menos ser recíproco. Tudo o que se desejava era um dia de, no mínimo, 48 horas. Tempo suficiente para se observar aquela pessoa, sorrir quando ela sorri, ouvir sua voz.
Hoje em dia, tudo é mais complicado. Adultos são complicados; são complicados e complicam. Erram, exageram, brigam, cobram, invejam, dificultam. Como se já não bastasse o próprio amor, que já é difícil.
Crianças veem as coisas em uma dimensão dez, vinte, mil vezes maior do que seu real valor, sua real proporção. Ela vê um arranha-céu e diz que ele é maior que o sol, maior que o universo. Nem por isso elas se assustam com o amor. Sua dimensão, sim, é maior que o universo, maior do que qualquer coisa, e nem por isso elas se deixam levar por ele. Amam. E é isso.
Pedir para voltar a ser criança não seria o certo. Seria acovardar-se, fugir de suas próprias dificuldades. Ela ainda está dentro de nós, só precisamos encontrá-la, deixá-la reinar novamente. Deixá-la amar.