segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Tolerância

Na tentativa de lutar contra uma atitude que julga errada, injusta ou autoritária, muitos acabam se posicionando ou agindo da mesma forma que aqueles que tanto repudiam, ou até pior. George Orwell já ilustrava há algum tempo através de suas obras (“A Revolução dos Bichos” é a que vem à mente no momento), e é impressionante como isso continua sendo tão atual. E o pior, tão cotidiano. Certas atitudes de determinadas pessoas nas últimas semanas me fizeram querer botar para fora de alguma forma esse sentimento de repúdio que se encontra dentro de mim e tirar o pó desse espaço que eu deveria usar com mais frequência, não só para lamentar ou reclamar de coisas que acontecem em minha vida ou na das pessoas que eu considero e amo. Esses dias, inclusive, ao ser perguntada do motivo de eu não vir escrevendo mais, respondi: “Estou feliz, por isso não consigo mais escrever. Só escrevo quando estou triste ou revoltada com alguma coisa”. Não deveria ser assim. Pelo contrário, se estou feliz, aí que eu deveria escrever mesmo, deixar transparecer toda a minha alegria, o meu amor, mas acho que o receio de ser piegas demais acaba me travando um pouco, me deixando sem palavras para descrever aquilo que merece todas as palavras boas do mundo. Acho que é justamente por isso. Por ter tantas palavras boas, chega a ser sufocante, no bom, ótimo sentido. Preciso trabalhar nisso. Quem sabe o próximo texto seja um texto de amor... enfim. Mas esse (ainda) não é o motivo de eu estar aqui hoje, escrevendo. Algumas pessoas, querendo defender um ponto de vista, um estilo de vida, uma religião (ou a falta dela), acabam adquirindo um comportamento de “anti” perante o restante do mundo. Se alguém é ateu, tem que ser “anticatólico”, “antievangélico”, “antibudista” etc., metendo o pau em todas as religiões e crenças e “pregando” seu ponto de vista a todo custo. Resultado: acaba se tornando mais “insuportáveis” que aqueles cujo comportamento tanto abomina. Mexe com quem está quieto. Polemiza a troco de nada. Se é vegetariano, generaliza todos como “assassinos” e, mais uma vez, prega a todo custo aquilo que considera certo, tentando obrigar todos a seguir o mesmo caminho. Se torce para o time X, tem que ser automaticamente “anti-time W, Y e Z”. Para esse tipo de gente, a palavra RESPEITO anda totalmente fora de questão. Se você é cristão e eu não, ok, tudo bem, eu respeito. Se você é ateu e eu não, ok também. Cada um tem seu ponto de vista, e isso que torna o mundo mais democrático, menos bitolado, mais argumentativo. Lembrando que “argumentar” não é o mesmo que “obrigar”, impor sua opinião como verdade absoluta. Ultimamente, pessoas usam mais do que nunca as redes sociais para reclamar, ferir o espaço alheio, como se ser “do contra” fosse moda, cool. Ser cool é respeitar o espaço alheio, isso sim. Se todos que tiverem uma opinião diferente da sua forem “errados”, o mundo será uma grande merda intolerante. Então faça bom uso da palavra “tolerância”: tolere, respeite. Exponha suas opiniões, claro. Mas respeite as do próximo. É o melhor que você pode fazer.

1 comentários:

Itana Glésia disse...

A tolerância é sinônimo de respeito neh? As duas palavras estão tão interligadas. Respeito eh uma coisa engraçada, muitos batem no peito dizendo que sabem o que eh respeito, mas tropeçam nas próprias palavras na primeira oportunidade, contradizendo tudo o que disseram anteriormente. Respeito, tolerância é bom e todo mundo gosta. Eh verdade, mas além de gostar, tem que começar a viver isso, todos os dias. Ótimo texto, babu.

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