quarta-feira, 25 de setembro de 2013

E se...

Até mesmo as mentes mais “racionais”, em um momento de descuido, pegam-se em indagações, questionamentos e imaginações de diversas situações. Em diversos momentos, minha mente já se perguntou: “E se...?”. Ele pode ser tanto um herói, uma espécie de “profeta do bem”, quanto um bandido, um “destruidor dos corações das menininhas indefesas”. Ele pode ser um otimista nato: “E se eu passar naquela entrevista? E se aquele relacionamento der certo? E se eu conseguir o que quero?”. Porém, ele também pode ser um pessimista incorrigível: “E se não der certo? E se for um fracasso total? E se eu não conseguir?”. Fato é que, em doses exageradas, seja de que lado ele estiver, o “e se...?” faz mal; ora ilude demasiadamente, ora cria uma pessoa sem expectativa nenhuma de que algo bom vá acontecer em sua vida. A história que vou contar a seguir exemplifica um caso, digamos, clássico de “e se...?”. O caso pode ser definido como “uma manobra não planejada acerca de um fato menos planejado ainda”. Havia essa garota que não tinha muitas expectativas para o futuro. Possuía um emprego medíocre e uma vida amorosa também medíocre. Como toda mãe zelosa, a dessa garota também cobrava melhorias em diversos setores de sua vida. “Filha, você é inteligente, pode correr atrás de um emprego melhor, em que você ganhe mais” pra cá, “Quando você trará um namorado pra esta casa, hein?” pra lá. Apesar de sentir-se incomodada com as perguntas, ela não reclamava. Não mais. Talvez porque ela já estivesse acostumada com tudo aquilo. Anestesiada, conformada. De repente, um fato resolve quebrar sua rotina. Uma pessoa nova entra em sua vida. A princípio, nada muda. “É apenas mais uma pessoa que, assim como eu, não possui grandes ambições e expectativas”, ela deveria pensar. Um detalhe, nesse pensamento, é certo: “(...) assim como eu”. Assim como ela. Era alguém igual a ela. Há tempos ela não encontrava alguém tão semelhante. Alguém que tinha os mesmos hábitos, gostava das mesmas coisas, partilhava das mesmas opiniões. Apesar das coincidências, essa garota procurava manter os pés no chão e não “viajar na maionese”. Ela só não contava com o fato de esse tipo de “controle” não durar muito. O tempo foi passando e as coincidências só foram aumentando, à medida que ambos foram se conhecendo melhor. As risadas eram mais frequentes. Cada vez mais detalhes de suas rotinas eram compartilhados. As conversas tornaram-se diárias. Telefones e demais contatos foram trocados. Chegou-se a tal ponto que qualquer tipo de pensamento tinha de ser compartilhado, simplesmente para puxar conversa, ter aquela “cota diária de sua presença”. A partir daí, essa garota começou a pensar em considerar esse tipo de comportamento uma evolução para um “e se...?”. “Ele é tão parecido comigo, tão... eu! Parece estar na mesma vibe em que estou em relação a tudo isso. E se... Bom, deixa pra lá.” Tarde demais, garota. Uma vez plantada a sementinha do “e se...?”, mesmo não a expondo abertamente, ela só tenderá a crescer. Finalmente, chegou o momento em que nossos personagens decidiram se encontrar pessoalmente. Aí, não tem jeito. “E se eu não for o que ele imaginava? E se algo mudar daqui pra frente? Mas, espera aí... e se eu for, sim, o que ele imaginava? E se algo mudar para melhor daqui pra frente? Calma, calma, ainda não aconteceu nada.” Por que é tão difícil controlar um “e se...?”? Ele cresce e comporta-se como uma trepadeira, vai te envolvendo até você dizer: “Tá, eu me rendo!”. E foi o que aconteceu com essa garota. Creio que com o garoto também. Um caso de aceitação mútua do “e se...?”. Porém, observa-se que sua aceitação foi um pouco tardia. E, aí, chegamos ao ponto interessante: não foi tardia; aconteceu na hora certa. O resultado? Um caso de “e se...?” bem-sucedido. Um caso de um “e se...?” que se transformou em “e é”. E é lindo. E não tem como ficar melhor. P.S.: História baseada em fatos ultrarreais.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Felicidade

Segundo o dicionário Houaiss, felicidade é “qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar”. É engraçado como as pessoas reagem de formas diferentes quando estão diante da felicidade. Observe-se que estar diante da felicidade não consiste obrigatoriamente em estar feliz. Podemos estar apenas de frente pra ela, sem ainda tê-la como nossa. Esta é uma conquista que depende única e exclusivamente de nós e de nossas atitudes. Tem gente que toma a felicidade apenas para si mesmo. Conquista, mas não compartilha. Vai ver é o medo da cobiça, da inveja alheia. Prefere escondê-la, demonstrá-la apenas quando tiver (se tiver) 100% de certeza de que está tudo certo, de que nada nem ninguém irá estragar aqueles momentos. Tem gente que, pelo contrário, escancara e não quer nem saber, o que pode ser bom ou ruim. Há os que compartilham sua felicidade exacerbadamente pura e simplesmente porque querem dividir sua alegria com o mundo, quiçá colori-lo com um pouco mais de sentimentos bons; afinal de contas, estamos precisando. Faz bom uso do ditado “Felicidade só é multiplicada quando dividida”, o que pode parecer um tanto paradoxo, porém não deixa de ser real. Mas há também aqueles que gritam sua felicidade aos quatro cantos apenas para causar a ira e inveja de outras pessoas, especialmente daquelas de quem não gosta. Alimentar um suposto “recalque” desnecessário. Neste caso, o mundo é tingido de cinza. Sentimentos que não acrescentam nada à boa índole do ser humano, só suja, mata, espalha o mal. Há aqueles que observam a felicidade do outro e encaram-na como sua também. Devo admitir que esses são um dos seres mais belos, de alma mais pura. Sentem-se felizes em ver o outro feliz e nada mais. Porque o mundo não gira apenas ao nosso redor; o que hoje veio para mim amanhã irá para o próximo, sejam coisas boas ou ruins, este é o ciclo. E há os de alma pobre, ignorantes que não compreendem que a “qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar” não deve ocorrer apenas quando a felicidade ocorre em você. O “estado de uma consciência plenamente satisfeita” surge quando pensamos coisas boas, transmitimos coisas boas. É impossível satisfazer-se com o descontentamento do próximo. Pode-se ter a falsa impressão de que aquele sentimento que se tem quando presenciamos o insucesso de nossos inimigos é sinônimo de felicidade, mas não é. Ao pensarmos assim, algum tempo depois nos sentimos miseráveis, não felizes. É como se algo bom dentro de nós tivesse se perdido. Não há satisfação em relação a nós mesmos. Obtemos o oposto da felicidade. Há aquele slogan daquele supermercado famoso que constantemente nos pergunta: “O que faz você feliz?”. Podemos, assim, para melhor compreensão, substituí-lo e obter: “O que torna sua consciência plenamente satisfeita?”; “O que te traz bem-estar?”; “O que te torna menos miserável?”; “O que te faz desafiar a lógica das Ciências Exatas e querer ‘dividir para multiplicar’?”. Você é feliz?

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Planos

Uma palavra tão pequena e carregada de tantas responsabilidades, tantas dúvidas. Muitas vezes ela carrega consigo uma expectativa por vezes exacerbada. Quando fazemos planos, é normal nos empolgarmos, sonharmos acordados, ansiar para que eles se concretizem o mais breve possível. Porém, penso que esses pensamentos acabam, na maioria das vezes, atrapalhando o andamento das coisas. É como se fôssemos com muita sede ao pote, acabássemos deixando muitas coisas por fazer, inacabadas, o que acaba comprometendo no produto final. Às vezes, nem chega a ter produto final. Isso pode soar como dica, conselho, mas está mais para desafio. Como não se empolgar com coisas tão boas que podem estar prestes a acontecer? Usarei uma frase um tanto clichê, mas a inveja costuma ter nomes, sobrenomes, endereços, telefones e até páginas na internet. Com a empolgação, é normal nos exaltarmos, deixarmos transparecer a alegria, querermos compartilhar com o maior número possível de pessoas. O que faz pensar um bocado, afinal, que mundo injusto é esse, onde não podemos demonstrar nossos sentimentos mais sinceros por medo de alguém que possa usá-los para o mal, contra nós? Entender coisas assim é quase impossível, mas não nos resta muita saída a não ser esperarmos até tudo se concretizar por completo. Afinal, para que o futuro venha a acontecer, temos que semear o presente. Para que algo saia perfeito daqui algum tempo, temos que cultivar com calma até que a hora certa se aproxime. Expectativas existem, só devemos (tentar) usá-las a nosso favor.

terça-feira, 7 de maio de 2013

I am.

O texto de hoje surgiu em reação a essa frase que li em uma rede social. Na verdade, este assunto norteia minhas ações nos últimos tempos. Confesso que pesquisei bastante, a fim de tentar descobrir o autor desta frase, mas tudo o que encontrei foram blogs usando-a como título do site, sem se importar em creditar ou pelo menos correr atrás da pessoa que disse ou escreveu tão sábias palavras (ou ao menos dizer que a frase não é deles, e sim de um autor desconhecido). Só me resta reiterar que a frase não é minha. É intrigante e até por vezes engraçado o fato de as pessoas se sentirem atingidas por causa de uma simples frase, de um simples comentário, de um simples gesto. Tudo é encarado como indireta, como um “Só pode ter sido pra mim”, como se o mundo girasse apenas em torno deles e de ninguém mais. Primeiramente, indireta existe desde que o mundo é mundo. Se você expõe um pensamento, uma indignação, algo ou alguém ocasionou aquilo. É a lei da ação e reação pura. Sendo assim, dizer que nunca falou sobre o comportamento de alguém ou se indignou com alguma coisa que tenha acontecido (não necessariamente a você) é ser hipócrita à última potência. Eu mesma estou fazendo isso agora. Acontecimentos ocasionaram este texto, além de uma simples frase. O dono da frase também fez questão de dizer que seu dito era, sim, uma indireta. Porém, aí é que está o X da questão: ela não se dirigiu a uma única pessoa, “àquela” pessoa. O mesmo que está acontecendo comigo pode estar acontecendo a milhares de pessoas, milhões, trilhões. Se alguém, de alguma forma, pegou aquela verdade pra si, é porque viu ali uma verdade sobre ela mesma. Explico-me: se leio algo e me sinto atingida, é porque aquilo é verdade ou tem algum tipo de fundamento. É porque a carapuça, de alguma forma, me serviu. É porque estou fazendo aquilo. Se minha consciência estivesse tranquila, no máximo eu iria concordar com o que foi dito. Mas só o fato de concordar já mostra que eu já passei por aquilo em algum momento de minha vida. Portanto, se você está lendo este texto agora e está se perguntando se estou falando de você, assim como a do autor da frase acima, minha resposta também é sim. Para todas as pessoas, dezenas, centenas (não sei o quanto estas palavras andam, atingem quem leu pelo menos uma linha de meu blog) que se deixaram atingir por ele. I am. E a quem concorda com as palavras ditas, os autores do texto também são, em parte, vocês.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Mudanças

Creio que uma das coisas mais assustadoras de se ouvir de alguém (além de um “Estou grávida” ou coisa do gênero) é um “Você mudou”. Todos já ouviram essa frase alguma vez na vida, em contextos diferentes, com conotações diferentes. Ela vem acompanhada de diferentes indagações, como “Você está mais magra/gorda”, “Você mudou o cabelo”, “Você cresceu” ou “Você não é mais como antes”. Esta última tanto pode machucar quanto fortalecer a pessoa a quem a frase é direcionada, tudo é questão de como você encara o que o outro chama de “mudança”. Em que consiste a mudança? Em que implica um “Você não é mais como antes”? Consistiria num “Você não é mais submissa a mim e aos meus caprichos”? Ou num “Você não vive mais somente em minha função”? É difícil para as pessoas entenderem que as outras mudam. Caso contrário, todos nós ainda estaríamos engatinhando com mamadeiras na boca e submissos em relação às necessidades básicas de nossas vidas. Por conta de uma atitude ou um gesto diferenciado, passamos a enxergar coisas que antes não conseguíamos. O que antes nos fazia chorar hoje é indiferente. Quando um “Você mudou” vem envolto neste sentido, é sempre relacionado a algo ruim. Para quem proferiu. Simplesmente por estar perdendo todas as comodidades que as mantinha no topo, por estar perdendo o posto de dono da verdade e supremacia absoluta, acha que, lançando uma dessas para alguém, o destruirá. Nestes casos, o que resta a fazer é proferir um sincero pedido de desculpas, acompanhado de um “mudei, sim”. Para a evolução do mundo. Para a alegria de uns. E para a tristeza de outros, afinal, não se pode agradar a todo mundo. A mudança sempre ocasionará no deslocamento de um modo de agir, na alteração do status quo. Quem sentir que sua comodidade foi roubada, violada sempre irá contra-argumentar. Sua mudança será, finalmente, concretizada quando você simplesmente deixar para lá.

domingo, 3 de março de 2013

Troco

É engraçado como a lei da ação e reação se modifica com o tempo nas pessoas. E a explicação está justamente aí, no tempo. Com ele, você amadurece, cresce, começa a enxergar o mundo, as coisas e as pessoas de uma diferente perspectiva, com outros olhos, com outra mentalidade. Há certo tempo (não muito, confesso), quando me davam tristeza, eu reagia com mais tristeza. Quando me davam desprezo, eu reagia com submissão. Quando me davam ódio, eu reagia com depressão, pensamentos vazios. Com isso, não ganhei nada além de uma diminuição de mim mesma, de minha autoestima, dos meus valores. E ainda cedia de graça a alegria para quem tanto queria me ver mal, atingida com suas palavras e atitudes impiedosas. Era como se eu teletransportasse toda a minha alegria a quem tanto a invejou. O que eu não colocava na cabeça é que ela é minha. A alegria é minha. A vida é minha. As convicções, crenças são minhas. A confiança, o jeito de eu tratar as pessoas são meus. Os gostos são meus. Os sonhos são meus. Ninguém tem o direito de roubar o que é meu. Eu não posso permitir que levem o que é meu. De hoje em diante, quanto mais alegria eu cedo, mais eu recebo de volta. É uma conta maluca, sem sentido, nada exata, mas, se você a colocar em prática, verá que dá certo sempre. Hoje, quando me dão tristeza, eu compartilho minha alegria. Quando me desprezam, eu reajo com sorriso; se alguém despreza minha alegria, meu sorriso, eu compartilho com outra pessoa, sem problemas, quem perde é só quem o rejeitou. Quando me dão ódio, eu também reajo com alegria, e às vezes um pouco de pena, por perceber que alguém está desperdiçando um sentimento tão nobre com coisas tão supérfluas e vazias. Como dizem por aí, não há nada pior para alguém invejoso, que quer apenas o seu insucesso do que a felicidade. Enquanto alguns perdem seu precioso tempo tentando provocar algum tipo de reação negativa ou culposa, eu sou só sorrisos. Entra pelos ouvidos e olhos, passa pelo coração e sai pela boca. É o que tem pra hoje.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

14 de fevereiro

No texto anterior, além de expor minhas revoltas de costume, também disse sobre o quanto é difícil para eu escrever quando estou sentimentalmente bem, feliz. É como se as ideias simplesmente não se encaixassem, ou não quisessem se encaixar. Como se a mente não processasse de forma linear, como se ela quisesse contar, ao mesmo tempo, tudo o que se passou por ela. Tudo isso somado ao meu medo, como eu disse no texto anterior, de soar muito piegas ou clichê. Cheguei até a pensar na possibilidade de me esforçar mais para postar algo bom num futuro (quem sabe) próximo, “sem medo de ser feliz”. Pois acho que esse dia chegou. Portanto, se você espera um texto argumentativo, com requintes de debate, acidez e filosofia, peço para que pare de ler desde já. Por mais coração-gelado que alguém seja (ou venha a ser com o tempo), todos já ensaiaram em algum momento de sua vida uma declaração de amor ou já sonhou estar com alguém de quem um dia já gostou muito, mesmo que esse alguém fosse um amor platônico. Lembro que, quando era menina (lá pelos meus 13 anos), escrevi uma carta de amor endereçada a um artista que eu era vidrada. Dobrei a carta como se fosse um aviãozinho de papel e joguei pela janela, na esperança de que a declaração chegasse um dia nas mãos dele. Pensamento mais inocente (e até ousado, digamos) que esse, impossível. Durante muito tempo, pensei que esse seria o mais perto que eu chegaria de alguém de quem eu gostasse. Pensamento mais pessimista (e também ousado) que esse, impossível. Seria um pensamento bem dramático se isso de fato não tivesse acontecido durante um bom tempo em minha vida. Nunca fui uma pessoa bem-sucedida em meus relacionamentos. Meus relacionamentos. Bah. Falo como se tivesse tido vários. Na verdade, não tive quase nenhum, apenas tentativas. Nem isso. Apenas devaneios, platonices que não passaram disso. Costumava dizer que não tive amores, tive pragas, pois tudo o que eu mirava ou pensava na possibilidade de acontecer um dia já dizia por si só que não era bem assim. Já tratava de tirar as esperanças logo de cara. O que não deixa de ser bom, pois o sofrimento é menor. Porém, dizem que as melhores coisas vêm nos momentos mais inesperados. Apesar de ouvir isso durante toda a minha vida, em diversas situações, principalmente naquelas em que você está mal, desesperançosa com a vida e com o próximo, nunca dei ouvidos. Acho que justamente por isso. A sensação é sempre de que estão falando isso para fazer com que nos sintamos melhor de alguma forma. E às vezes é mesmo. Como dizem por aí, as pessoas deprimidas são “chatas”, batem sempre na mesma tecla e contaminam todos com sua tristeza, então por que não tentar fazê-las se sentir melhor para que elas parem de encher o saco? Sempre dava conselhos sobre coisas das quais nunca tinha vivido, experiências de relacionamentos pelas quais nunca passei. Mas, de certa forma, ajudava. Estava acostumada a ser a psicóloga, a sempre ajudar e nunca ser ajudada. Não por falta de vontade dos meus amigos, mas por falta de experiência minha. Como eles iriam ajudar se eles não tinham o que ajudar, como ajudar? Hoje, ainda não tenho ajuda de ninguém, mas não porque ainda não tenho experiência ou porque as pessoas não têm como me ajudar. Simplesmente porque eu não preciso de ajuda: tenho a melhor pessoa que alguém poderia sonhar em ter ao seu lado. Alguém que não te dá trabalho nenhum, a não ser amá-la (o que, portanto, não é trabalho nenhum, apenas prazer). Alguém tão parecido com você que às vezes tem a impressão de que se trata de uma única alma habitando dois corpos. Alguém que parece ter aparecido em sua vida para “vingar” todas as suas frustrações e infortúnios já vividos. Alguém a quem você consegue arriscar dizer ou atribuir sem pensar um “pra sempre”. Apesar de não ser uma comemoração brasileira, sinto-me na obrigação de escrever tudo isso. E agradecer por ter esse alguém a quem eu possa chamar de “valentine” com toda a convicção do mundo. Quem disse que eu nunca proferiria um “eu te amo”? Quem disse que você nunca proferirá um “eu te amo”? Um dia, você ainda também ousará dizer que não tem palavras ou linearidade suficientes para dizer que é feliz.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Tolerância

Na tentativa de lutar contra uma atitude que julga errada, injusta ou autoritária, muitos acabam se posicionando ou agindo da mesma forma que aqueles que tanto repudiam, ou até pior. George Orwell já ilustrava há algum tempo através de suas obras (“A Revolução dos Bichos” é a que vem à mente no momento), e é impressionante como isso continua sendo tão atual. E o pior, tão cotidiano. Certas atitudes de determinadas pessoas nas últimas semanas me fizeram querer botar para fora de alguma forma esse sentimento de repúdio que se encontra dentro de mim e tirar o pó desse espaço que eu deveria usar com mais frequência, não só para lamentar ou reclamar de coisas que acontecem em minha vida ou na das pessoas que eu considero e amo. Esses dias, inclusive, ao ser perguntada do motivo de eu não vir escrevendo mais, respondi: “Estou feliz, por isso não consigo mais escrever. Só escrevo quando estou triste ou revoltada com alguma coisa”. Não deveria ser assim. Pelo contrário, se estou feliz, aí que eu deveria escrever mesmo, deixar transparecer toda a minha alegria, o meu amor, mas acho que o receio de ser piegas demais acaba me travando um pouco, me deixando sem palavras para descrever aquilo que merece todas as palavras boas do mundo. Acho que é justamente por isso. Por ter tantas palavras boas, chega a ser sufocante, no bom, ótimo sentido. Preciso trabalhar nisso. Quem sabe o próximo texto seja um texto de amor... enfim. Mas esse (ainda) não é o motivo de eu estar aqui hoje, escrevendo. Algumas pessoas, querendo defender um ponto de vista, um estilo de vida, uma religião (ou a falta dela), acabam adquirindo um comportamento de “anti” perante o restante do mundo. Se alguém é ateu, tem que ser “anticatólico”, “antievangélico”, “antibudista” etc., metendo o pau em todas as religiões e crenças e “pregando” seu ponto de vista a todo custo. Resultado: acaba se tornando mais “insuportáveis” que aqueles cujo comportamento tanto abomina. Mexe com quem está quieto. Polemiza a troco de nada. Se é vegetariano, generaliza todos como “assassinos” e, mais uma vez, prega a todo custo aquilo que considera certo, tentando obrigar todos a seguir o mesmo caminho. Se torce para o time X, tem que ser automaticamente “anti-time W, Y e Z”. Para esse tipo de gente, a palavra RESPEITO anda totalmente fora de questão. Se você é cristão e eu não, ok, tudo bem, eu respeito. Se você é ateu e eu não, ok também. Cada um tem seu ponto de vista, e isso que torna o mundo mais democrático, menos bitolado, mais argumentativo. Lembrando que “argumentar” não é o mesmo que “obrigar”, impor sua opinião como verdade absoluta. Ultimamente, pessoas usam mais do que nunca as redes sociais para reclamar, ferir o espaço alheio, como se ser “do contra” fosse moda, cool. Ser cool é respeitar o espaço alheio, isso sim. Se todos que tiverem uma opinião diferente da sua forem “errados”, o mundo será uma grande merda intolerante. Então faça bom uso da palavra “tolerância”: tolere, respeite. Exponha suas opiniões, claro. Mas respeite as do próximo. É o melhor que você pode fazer.