Pena de morte: sejam quais forem os motivos que levaram o condenado a merecê-la (ou não), trata-se de uma sentença que ele tem que conviver até seu último dia. Embora seu objetivo final seja terrível, não é exatamente a morte o maior desafio dessa pena; o maior desafio, a maior dor, o “barato” da coisa é justamente o período anterior à morte. É ter que conviver com esse futuro marcado até o seu último dia. A maior pena é a morte lenta do espírito, do psicológico, até chegar a vez do corpo.
Fui condenada a um futuro indesejado, a um sentimento não recíproco de outrem. Porém, ele não se anuncia por imediato, ele me corrói, dia após dia. Como se tivessem enfiado uma estaca em meu coração e, todos os dias, cutucassem a ferida com força, fazendo com que ela jamais se cicatrize.
Todos os dias, rezo para que a “morte” chegue logo, para que o luto seja completo e que eu não precise sofrer em prestações. Para que eu não precise mais chorar todos os dias. Para que eu possa encontrar minha paz.
Mesmo assim, insistem em me sentenciar, em me fazer passar pelo mesmo corredor, receber os mesmos olhares, a mesma dor.
Muitas vezes, os responsáveis pela sentença, rindo dos réus feridos psicologicamente, anulam a pena de morte meses, dias, horas antes do “dia do juízo”, pois já viram humilhação suficiente. Convivo, portanto, com essa esperança, a única entre tantos desejos uma morte total e imediata.